sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Está na altura de renegociar o seu crédito à habitação

É certo que nunca pagou tão pouco pela prestação do seu crédito à habitação, em resultado da entrada em terreno negativo das taxas Euribor. Mas se contratou um crédito nos últimos anos, nomeadamente entre 2011 e 2015, saiba que provavelmente está na altura de renegociar. A poupança com juros pode ser considerável. Se tem um ‘spread’ em torno de 3,5%, a redução da fatura pode chegar aos 60.000 euros ao longo da vida do empréstimo. 

Os bancos portugueses têm vindo a reduzir ‘spreads’ de forma consistente no último ano, sinal de uma nova apetência pela concessão de crédito. Além disso, a entrada de novos ‘players’ no mercado, como o Bankinter, que oferece condições promocionais para quem queira transferir o crédito à habitação, relançou a guerra pela captação de clientes.

João Morais Barbosa, administrador da Reorganiza, empresa especializada na intermediação de créditos, nota que “nos últimos dois meses recebemos mais de 5.000 pedidos de renegociação de crédito à habitação e as taxas de sucesso têm sido muito interessantes”. O especialista explica que “os bancos querem conceder mais crédito e começam pelos créditos com mais garantias (e consequentemente menos risco). O ‘spread’ médio não costuma passar os 1,5%”. Ora, entre o final de 2011 e 2015, a banca nacional deixou de praticar ‘spreads’ mínimos inferiores a 2%, com alguns bancos a atingirem mesmo os 4% para os melhores clientes. O auge foi atingido no início de 2013, quando em média os bancos cobravam 3,6% de ‘spread’ mínimo no financiamento para a compra de casa. hoje, esse valor médio de ‘spread’ mínimo não chega aos 1,7%. E João Barbosa garante que, dependendo do cliente e do banco, é mesmo possível chegar a valores perto de 1%, ainda que com condições muito exigentes, como um reduzido ‘loan-to-value’ (percentagem do empréstimo face ao valor de aquisição do imóvel). 

De acordo com os dados publicados ontem pelo Banco Central Europeu, a taxa de juro média para as renegociações de créditos caiu, em Setembro, de 2,01% para 1,83%. Um valor que fica em linha com a taxa média praticada nas novas concessões, que atingiu um novo mínimo histórico, em 1,87% (ver texto ao lado). Mas caso o seu banco se mostre pouco disponível para rever as condições do seu crédito, tem sempre a opção de procurar na concorrência. “Os bancos estão recetivos especialmente no caso da transferência do crédito habitação. Na realidade, é possível poupar muito dinheiro transferindo um crédito para outra instituição, pois como sabemos os bancos tenderão a investir mais em clientes novos do que em melhorar (proativamente) as condições dos clientes atuais”, nota o administrador da Reorganiza. Na pior das hipóteses terá de suportar os custos de amortização antecipada do seu empréstimo, ou seja, 0,5% do total para créditos a taxa variável, além de algumas comissões iniciais. 

Assim, para um empréstimo de 150.000 euros a 30 anos, o custo da amortização antecipada seria de 750 euros, um valor bastante em conta atendendo à poupança potencial. Por exemplo, se conseguir reduzir um ‘spread’ de 3,5% para 1,5%, a poupança com juros é superior a 56.000 euros ao final de 30 anos. Já se partir de um ‘spread’ de 2,5%, pode poupar 27.000 euros ao longo da vida do empréstimo. 

Uma poupança que, em alguns bancos, pode mesmo não implicar custos adicionais. O Bankinter, por exemplo, suporta os custos com a transferência do crédito, até um limite entre 0,5% e 1,25% do valor transferido, dependendo se é um novo cliente e do tipo de taxa escolhida, fixa ou variável. Também o Popular oferece isenção nas comissões iniciais e a cobertura do custo de amortização antecipada, até 0,5% ou 500 euros, dependendo de algumas condições. E João Barbosa garante que “existem ainda outros bancos a cobrir os custos com a amortização antecipada, embora não o digam abertamente”. 

No entanto, ao analisar a oferta da concorrência tenha em atenção outro tipo de custos, como seguros e a necessidade de subscrever outros produtos para reduzir o valor do ‘spread’. Para isso deverá olhar sempre para a TAER, a taxa que lhe permite comparar os custos totais de um empréstimo, nomeadamente aqueles que resultam da subscrição de produtos adicionais que oferecem poupanças consideráveis para quem contratou crédito nos últimos anos.
 
Fonte: Jornal Económico

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