segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Crédito à habitação: o que vai acontecer às prestações da casa em 2016?

A descida mais acentuada vai ocorrer nos contratos indexados à Euribor a 12 meses. Nos outros a redução poderá ser de dois ou três euros.
A prestação da casa vai continuar a baixar nos próximos meses e o valor cobrado pelo banco este mês reflecte já essas reduções. Mas as poupanças são ainda reduzidas, especialmente nos casos dos principais indexantes usados no crédito à habitação em Portugal – taxa Euribor a três e a seis meses. 
“Nestes casos estamos a trabalhar muito próximo de juros zero e por isso mesmo não podemos assistir a reduções muito significativas. Estamos a falar de reduções de dois, três ou quatro euros por mês”, refere ao i o economista João Fernandes da Associação de Defesa do Consumidor (DECO).
Por isso mesmo, o maior alívio mensal será sentido pelas famílias que optaram pela Euribor a 12 meses como indexante, dado que só agora sentirão as descidas acumuladas no último ano. O i fez as contas e para um empréstimo de 120 mil euros, a pagar a 30 anos com um spread de 1,5% e Euribor a 12 meses, o cliente que pagava até agora 441 euros mensais vai passar a pagar, a partir deste mês, cerca de 423 euros por mês, ou seja, menos 18 euros mensais, o que ao final de um ano representa uma poupança de 216 euros (ver gráfico ao lado).
Já no caso dos créditos a habitação associados a outras indexantes (três e seis meses), o responsável da DECO admite que as famílias portuguesas mal vão sentir a descida, uma vez que “não estamos a falar de empréstimos de milhões de euros”. Nas simulações feitas, e no caso do crédito indexado a três meses, a redução mensal é de um euro, mas a de seis meses atinge os quatro euros mensais (ver gráfico ao lado). Para já, o mercado continua a antever taxas negativas para a Euribor até pelo menos Junho de 2016, devendo iniciar-se uma subida muito gradual a partir dessa data. 
Comprar casa? De acordo com o economista, a opção pela compra de uma casa não se deve limitar a considerar o valor das taxas de juro que está a ser praticado nesse momento. “Há que ter em conta muitas variáveis. As pessoas devem olhar para a sua situação financeira, para as perspectivas da sua situação financeira, analisar se têm um emprego estável, se têm ou não perspectivas de vir a perder parte do seu rendimento no futuro ou futuro próximo”, explica e adverte João Fernandes. 
Além disso, de acordo com o mesmo responsável, é preciso ter em conta que os empréstimos são feitos a 20, 30 ou mesmo 40 anos e que ao longo desse período as taxas de juro poderão subir e, no limite, esse aumento até pode ser significativo. “As pessoas não podem ficar a olhar para o que pagam hoje e os bancos são obrigados a dar simulações de quanto ficariam a pagar de crédito não só hoje, mas também quanto pagariam se a taxa de juro subisse 1% ou 2%”, salienta o economista, acrescentando ainda que “se as taxas de juro subirem 3%, 4% ou 5%, o que representa actualmente uma folga orçamental pode desaparecer de um dia para o outro”.
Outro factor a ter em conta diz respeito ao spread que é aplicado pelo banco. “Há uns anos estava próximo do zero, depois entre 2007 e 2009 subiu e houve casos em que chegou a ultrapassar 7% e, neste último ano e meio, assistimos novamente a uma redução, mas nunca para valores próximos do zero, já se encontrando com frequência spreads próximos dos 3%”, diz. Segundo João Fernandes, os consumidores têm de ter noção de que spreads de 3% associados a um indexante de zero e que daqui a uns anos poderá rondar 5%, 6%, 7% ou mais, podem causar graves desequilíbrios nos orçamentos.
O responsável da DECO lembra, no entanto, que o envolvimento com o banco poderá ditar um spread mais baixo, mas também poderá ter outras implicações. “Por um lado consegue um spread mais baixo, por outro, o facto de estar a contratar outros produtos que o banco propõe pode não representar boas opções financeiras porque os juros que são oferecidos naquele banco por aquele depósito a prazo podem não ser o mais atractivo em relação a outro instituição financeira ou os seguros contratados podem ser mais caros e o cliente acaba por ficar condicionado na sua escolha”, conclui. 
fonte: i online

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